Balneário Camboriú tem essa referência de prédios altos

Balneário Camboriú inaugurou, há cerca de 10 dias, o mais alto arranha-céu residencial de frente para o mar da América Latina, o Infinity Coast, na Barra Norte, um projeto da construtora FG Empreendimentos. Outros gigantes estão a caminho e essa tendência vai continuar em Balneário, disse o diretor Comercial e de Marketing da empresa, Altevir Baron.

Ele falou nesta quarta-feira ao programa Direto da Redação da CBN Diário, em entrevista ao jornalista Leandro Lessa, da qual eu também participei. Baron comentou sobre perfil dos consumidores, segurança construtiva, força turística da região e outros temas.

O Infinity Coast tem 64 pavimentos, 234 metros de altura e fundações com profundidade relativa a 15 pavimentos. O próximo arranha-céu da FG é One Tower, com 72 pavimentos, 280 metros de altura e inauguração prevista para daqui a três anos.


Leandro Lessa – Eu vou começar destacando o fato de Balneário Camboriú ter essa quantidade de prédios gigantes, já que a cidade não consegue mais se expandir para os lados. Tem que se expandir para cima. Quantos dos 10 maiores edifícios do Brasil são em Balneário Camboriú?

Altevir Baron – Balneário Camboriú tem essa identidade, essa referência de prédios altos. Esse movimento começou em 1980 pelo caráter empreendedor das construtoras. A FG foi a pioneira nessa característica de trazer tecnologia de fora do Brasil e estruturar isso em Balneário Camboriú. Dos 10 empreendimentos maiores do Brasil, oito deles estão em Balneário Camboriú e destes oito, seis deles são da FG Empreendimentos.

Lessa- As construtoras de Balneário Camboriú têm essa característica de prédios, principalmente na região da orla, da Avenida Atlântica, com apartamentos vendidos por R$ 1 milhão ou mais. Se fala em Floripa de especulação imobiliária na Ilha, mas em Balneário Camboriú as pessoas encontram apartamentos inclusive mais caros. Oito prédios dos 10 maiores do Brasil são em Balneário. A gente tem a FG, a Embraed, outra construtora que faz esses prédios altos. Altevir, além dessa questão de a cidade não conseguir mais se expandir para os lados, por isso ter que fazer prédios altos, quais são as outras características que permitem que Balneário Camboriú e não outra praia, outra cidade do país tenha esse tipo de construção.

Altevir Baron – Balneário Camboriú se tornou referência no turismo catarinense. É um dos lugares mais visitados do Sul do Brasil em termos de turismo. Balneário Conseguiu, desde a década de 80, começando ainda na década de 70, criar uma identidade turística muito forte. Tem algumas coisas que favorecem isso. Primeiro é a posição geográfica.

Entre os três Estados (do Sul), Santa Catarina é um Estado privilegiado em termos de logística, temos a BR-101 de dois aeroportos. Temos os aeroportos de Navegantes e Florianópolis que permitem acesso rápido a todo o nosso litoral. E Balneário Camboriú, considerando a soma das praias de toda a nossa região, contribuem muito para que esse destino seja eleito pelos nossos visitantes de todos os lugares do Brasil.

Na década de 80 você chegava em São Paulo e falava de Balneário Camboriú, as pessoas diziam: ouvi falar, mas não conheço. Hoje, quando você fala em São Paulo as pessoas conhecem Balneário Camboriú, as pessoas conhecem a região toda de Balneário Camboriú e isso acaba contribuindo muito. Sob o aspecto da construção civil, essa busca por fazer mais e melhor entre os empresários acabou criando uma certa competitividade do ponto de vista sadio e gerando um benefício para a cidade.

Então as construtoras, como qualquer mercado, qualquer segmento existe uma relação de que ao ofertar produtos cada vez melhores, começou a ofertar produtos de alto nível em Balneário Camboriú. E esse alto nível acabou atraindo um público financeiramente também qualificado, que busca destinos fora do Brasil e encontrou em Balneário Camboriú segurança pública, IDH alto e propriedades – você falou em apartamentos de até R$ 1 milhão – na orla de Balneário Camboriú, principalmente apartamentos de prédios novos à frente do mar, com pé na areia como a gente chama, ultrapassam R$ 4 milhões a R$ 5 milhões.

Com R$ 1 milhão você não consegue comprar apartamentos com menos de 500 metros da praia e prédios um pouco mais antigos. Então, qualificou muito o público. E Balneário Camboriú, a gente conhece os desafios da cidade, mas nós também entendemos que tem muitos aspectos positivos como projetos futuros. O alargamento da faixa de areia, a instalação de uma roda gigante que será colocada na Barra Norte, que vai dar mais uma âncora e uma referência para a cidade. O BC Port, porto para transatlânticos. Então, é uma série de fatores que coloca a cidade na rota do turismo internacional.

Estela Benetti - Qual é o perfil do consumidor. Quanto por cento são empresários, profissionais liberais. Eles pagam esses imóveis à vista ou a prazo?

Baron - Esses apartamentos, como em qualquer mercado imobiliário há dois tipos de oferta. Imóveis prontos e imóveis em projetos. Quanto os imóveis estão prontos, geralmente o pagamento é de curto prazo. E quando os imóveis estão em projeto, geralmente a construtora tem um prazo de construção que pode variar de 4, 5 a 6 anos dependendo do prazo da obra. Então facilita muito o pagamento e a compra desses imóveis. Eles são vendidos através de uma política comercial com um percentual de entrada e um parcelamento durante a obra ou um parcelamento mais estendido. É um parcelamento que o comprador escolhe durante a obra.

Já o perfil dos compradores, podemos definir pela origem, considerando nossa federação e os Estados. Nesse caso, o Estado primeiro, que mais adota Balneário Camboriú é Santa Catarina. Depois, na sequência, temos o Paraná. Nossos amigos e nossos irmãos do Paraná. Depois, temos o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, uma região muito próspera do agronegócio que também adotou Balneário Camboriú como sua casa ou segunda casa. Depois estão nossos irmãos gaúchos e, na sequência, finaliza entre São Paulo, Rio de Janeiro e outros Estados.

Do ponto de vista socioeconômico, eles são profissionais bem sucedidos. Até porque, se comprar um imóvel nos valores que estamos falando, é um imóvel que qualifica muito a renda e o poder aquisitivo. Então, estamos falando de profissionais bem sucedidos, empresários, esportistas, músicos, cantores, artistas e pessoas com trajetórias profissionais bem sucedidas. Mas a gente também tem um público que são os novos ricos. Um público que vem aparecendo com muita força, ou da classe média ou em escala ascendente do ponto de vista financeiro e que acaba também comprando esses imóveis, embora não sejam pessoas conhecidas, são pessoas bem sucedidas.

Lessa- Essas pessoas moram nesses empreendimentos ou utilizam apenas esporadicamente?

Baron – Geralmente, é um apartamento de praia. Muitas pessoas que acabam comprando esses imóveis visitam nosso Estado, frequentam Balneário Camboriú mas têm origem em outros locais. Elas adquirem sob duas perspectivas. Uma é pela valorização. Nós temos uma das melhores, se não a melhor valorização em termos de metro quadrado de todo o Brasil. Então, é um bom investimento comprar um imóvel em projeto em Balneário Camboriú. Tem a questão da valorização, o que dá um ganho de capital, o que é muito importante.

E a outra perspectiva é a qualidade de vida. É muito gostoso estar em Santa Catarina, aproveitar o litoral catarinense, toda a nossa orla, de Florianópolis até Piçarras, Barra Velha. O nosso litoral é muito bonito e Balneário acaba sendo a referência. Essa questão de segunda casa, geralmente, começa a se tornar a primeira casa. Eu vou te dar um número: geralmente, esses imóveis comprados em Balneário Camboriú como a segunda casa, de 365 dias por ano são ocupados apenas 40 dias por ano.

Então, são habitados por pouco tempo. Em que datas? Geralmente em datas festivas, férias, final de ano, Natal, Páscoa e assim vai. Só que Balneário Camboriú oferece tanta coisa boa que é muito comum essas pessoas começarem a fazer planos de vir para cá, estabelecer residência e estruturar a sua vida profissional na região.

Estela – Eu gostaria de saber como é a segurança desses prédios. Que tecnologias são usadas para as pessoas morarem tranquilas nos arranha-céus? Todos têm heliponto?

Baron – Nos grandes arranha-céus, hoje, seus helipontos são definidos por uma questão de tráfego aéreo e não mais de segurança. Hoje, por exemplo, nossos prédios têm escadas pressurizadas. Imagina: vou pegar um prédio nosso, o Infinity Coast. Ele tem 234 metros de altura, 64 pavimentos, hoje o maior prédio habitado do Brasil e da América do Sul de frente para o mar. Se acontece um sinistro num prédio desses e a gente tiver que fazer o resgate via helicóptero, a quantidade de pessoas que vão ser resgatadas é muito pequena para um prédio dessa envergadura.

Então, investir num heliponto para socorro, tecnicamente não é viável em lugar nenhum no mundo. O que ocorre é a tecnologia dentro das escadas com blindagem. Todo apartamento tem um sistema de segurança e todo o prédio é controlado através de uma sala de controle, por computador. As escadas são pressurizadas. Elas possuem, do alto da torre, um sistema de ventilação onde a pessoa deixa o apartamento, pode ser simultaneamente, fecha as portas de blindagem e desce com oxigenação em todos os andares até o andar térreo sem que nada ultrapasse as portas blindadas.

As pessoas descem calmamente, respirando, porque existem sistemas de oxigenação em todos os andares. Se, por ventura, acontecer um sinistro, toda a estrutura do prédio fica preservada, preservando as vidas também. Essa é uma tecnologia usada fora do Brasil, inclusive em Dubai, nos maiores arranha-céus do mundo e, no Brasil, a FG já tem essa tecnologia em seus prédios.

Lessa – Sobre a mão de obra para construir esses prédios, qual é participação de catarinenses trabalhando nesses prédios?


Baron – A FG tem, hoje, entre empregos diretos e terceirizados quase 3 mil pessoas. Considerando as famílias, são quase 10 mil pessoas que dependem diretamente e indiretamente do funcionamento da empresa. E essa mão de obra operacional é regional e qualificada na região. Ainda que já tenha uma qualificação, nós também qualificamos essas pessoas de acordo com a nossa perspectiva de qualidade. A gente faz a contratação, qualifica o profissional e ele passa a ter habilidade nos projetos nossos.

Já do ponto de vista estratégico, a parte de engenharia, e arquitetura, temos um departamento de planejamento e desenvolvimento que busca o que tem de melhor no mundo e adapta às nossas realidades. Também temos escritórios que nos dão assessoria, da Inglaterra e Canadá. São esses escritórios os responsáveis por construir parte do que existe de mais belo no mundo, como Dubai.

Estela – Temos espaços para construir mais arranha-céus na orla de Balneário ou os grandes prédios vão para Itapema?

Baron – Nós temos projetos muito ambiciosos que vão romper com o espaço limitado da construção civil do Brasil, mas vamos seguir todas as etapas legais. A gente não divulga ao público por uma questão de sigilo, porque estamos cuidando das licenças, dos aspectos legais, mas a nossa ideia é elevar Balneário Camboriú como referência mundial em temos de desenvolvimento, tecnologia, qualidade e sobretudo, beleza dos nossos prédios. Balneário Camboriú, certamente, vai colocar o Brasil na rota do que tem de melhor no mundo.

Lessa – A construção é um dos setores que mais projetam Balneário Camboriú no país, além da beleza da cidade e do litoral de SC. A cidade é conhecida pela construção de prédios muito altos. Para suportar prédios com uma quantidade de andares tão grande é preciso que tecnologia?

Baron – Deixa eu te dar uma outra informação que causa geralmente curiosidade. O Infinity Coast, prédio que entregamos há 10 dias na Barra Norte, tem 64 pavimentos e 234 metros de altura. Para você fazer 60 pavimentos para cima, precisa fazer 15 pavimentos para baixo. Para você ter uma correlação da estrutura de um prédio desses, de aço e concretagem utilizados.

Lessa – Para deixar claro, estamos falando de 15 andares de fundação?

Baron – De fundação. Para subir 60 andares, ele desce 15 andares. Para você ver como é seguro e quão complexa é uma obra dessas. Um prédio desses, para ser seguro, precisa ter toda uma ciência de engenharia, de cálculos estruturais envolvidos. É uma informação de bastante curiosidade, principalmente para quem não conhece engenharia, mas aprecia essas obras.


 

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